NOVA YORK - Quando Elton John e seu namorado, David Furnish,
oficializaram sua união civil em 21 de dezembro de 2005, Donald Trump,
amigo do casal há anos, usou seu blog para celebrar a ocasião.
“Conheço
os dois e eles se dão muito bem. Esse casamento irá funcionar”,
escreveu Trump. “Estou muito feliz por eles. Se duas pessoas gostam uma
da outra, elas gostam uma da outra”.
Trump agora lidera a disputa
nas primárias do Partido Republicano, que tradicionalmente é lar de
figuras ansiosas para se posicionarem de maneira profundamente
conservadora em questões como os direitos dos homossexuais e o casamento
gay. No entanto, na última quinta-feira, o magnata declarou no programa
“Today”, da rede NBC, que se opunha à lei aprovada na Carolina do Norte
que obriga pessoas transgêneras a usarem banheiros atribuídos a seu
gênero original.
“Pessoas transgêneras devem usar o banheiro que
acharem apropriado”, afirmou Trump, adotando uma posição oposta à de seu
principal rival na disputa, o senador texano Ted Cruz.
A relação
de Trump — que na campanha desagradou a quase todas as minorias do
país, incluindo negros, mulheres, judeus e hispânicos — com a comunidade
gay é antiga. No fim dos anos 1980, ele doou dinheiro a organizações de
caridade dedicadas à luta contra a Aids, e em 2000, quando cogitou uma
candidatura à Presidência, afirmou em entrevista à revista “Advocate”,
dedicada ao público gay, que apoiava a inclusão de uma emenda na Lei de
Direitos Civis de 1964 que proibisse a discriminação baseada na
orientação sexual.
“Seria simples e direto”, afirmou Trump na ocasião. “É algo justo”.
Sua
visão sobre o tema, principal fator de distinção entre ele e seus
antecessores republicanos, não parece ser fruto de uma grande reflexão,
mas sim a consequência natural de sua vida em Manhattan nas últimas
cinco décadas. No entanto, alguns de seus conhecidos ficaram confusos
com a postura do magnata, que, na campanha, associou-se a nomes
ultraconservadores e disse não apoiar os casamentos homossexuais,
afirmando acreditar que “casamentos são aqueles entre um homem e uma
mulher”.
George Takei, ator do seriado “Jornada nas Estrelas”,
tentou convencer Trump de que apoiar o casamento gay seria uma boa
ideia, especialmente para um empresário. “Talvez eu possa aprender algo
com você, George”, teria dito Trump, antes de reafirmar sua defesa do
“casamento tradicional”.
— Fiquei tentado a responder que casar-se
muitas vezes não é o que chamamos de “casamento tradicional” — afirmou
Takei, lembrando que o magnata está, atualmente, em seu terceiro
casamento.