MURO

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Já fui muro branco,
Sem mácula em cor ou ausência de tijolos
Sem vãos ou entrelinhas, sem tênue altura
Sem aparato para escada, nada me ultrapassava
Tampouco eu mesma me transpunha

Meu deus único e pagão era a prisão que eu adorava
Porta para que?
Chave para que?
Para que fechadura?
Se eu mesma e em mim mesma me trancava!
Eu queria era ser mantida muralha imaculada
Que de tão intocável,
Que de tão inabalável
Que de tão insofismável
Desmoronou

Tempos depois, com maior cautela, reergui os tijolos
O cimento já não era o medo
A necessidade já não era a prisão
Tanto que, no meio do abrigo caiado, deixei uma porta
E, muito embora a chave repouse escondida cá comigo,
Pode um dia ser girada
Pelas minhas próprias mãos

Hoje, o Deus que eu adoro, é o que me permite a escolha
Entre manter a porta fechada, aberta, entreaberta
Ou demolida
É aquele que, embora me permita o vôo, me guarda sempre em retorno o chão.

 

 


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