Miami, cidade aberta

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Marcada pela diversidade cultural, destino se firma como gay-friendly e investe para tornar a arte uma de suas referências.

por Cristina Massari

MIAMI – Miami, que sempre acolheu as minorias, e exercitou ao longo de sua História a tolerância a religiões, gêneros, etnias e culturas, fez dessa mistura sua identidade. Hoje, passado o tempo em que taxas de criminalidade falavam alto em seu nome, nos idos da década de 1980, a cidade dá exemplo de superação.

Frequentemente lembrada entre as cidades mais gay-friendly do planeta, Miami celebra e recebe a diversidade de gêneros com um calendário de eventos para este segmento. Entre eles, estão a parada do orgulho LGBT, e festivais como a Winter Party — que já chegou à sua 25ª edição e reúne cerca de dez mil participantes a cada ano —, além de atrações voltadas (mas não só) para esse público.

Há até um passeio guiado que mostra como a história dos direitos civis da comunidade LGBTQ e da luta por liberdade de expressão de gênero se entrelaça ao desenvolvimento de Miami Beach. Até a Calle Ocho, onde bate o coração do bairro cubano, tem sua festa do orgulho gay.

Mas a diversidade de Miami é tal que não se define em rótulos, já que a cidade começa a se tornar referência em produção e exibição de arte contemporânea. Além disso, por estar às margens do Atlântico, a cultura praiana também é parte de seu cotidiano.

‘Muscle Beach’. A área para exercícios da 9th Street, no Lummus Park, em Miami Beach é aberta ao público – Cristina Massari/Agência O Globo

Em um mesmo fim de semana, a ensolarada orla do histórico Distrito Art Déco é capaz de sediar eventos tão diversos como a Meia-Maratona 305 e a Winter Party, enquanto inaugura sua “Muscle Beach”, área pública para exercícios ao ar livre, no Lummus Park (9th St.), com equipamentos de última geração, ao lado de um parque de brinquedos para crianças.

Arte como investimento

Esse caldeirão cultural que compõe a identidade de Miami se expressa nas ruas, na gastronomia, nos centros de arte e museus, impulsionado por investimentos em programas de ensino de arte e design nas escolas do Condado de Miami-Dade (que engloba as cidades de Miami e Miami Beach).

No circuito das artes e atrações culturais, museus recentemente abertos ou renovados reforçam o processo de transformação da cidade, incluindo revitalizações de regiões como Wynwood, Design District e Downtown. O Design District, por sua vez, é um grande projeto ainda em realização. Trata-se de um complexo comercial de luxo a céu aberto onde cada grife construiu uma loja cujo projeto arquitetônico expressa a identidade da marca — pense nas mais famosas e luxuosas e elas estão lá: Fendi, Christian Louboutin, Hermès, Gucci, Dior etc. Até os prédios dos estacionamentos têm projetos vultosos e grifados.

Ali a experiência de ver vitrines é elevada a outro patamar, quase como se fosse um museu, em que as butiques são objeto de contemplação. Uma área ao ar livre com esculturas e lanchonetes, locais com música ao vivo, e sorveteria com sabores alcoólicos e restaurantes moderninhos complementam as opções de lazer.

Jungle Plaza em Miami Design District, lazer ao ar livre em centro comercial de lojas de grife – Cristina Massari/Agência O Globo

O The Bass Museum of Art foi reaberto em Miami Beach em outubro, após dois anos de reformas. Com um acervo originalmente de arte europeia desde o século XV, passou a oferecer uma programação de exposições contemporâneas. Como “Beautiful”, em que o artista Pascale Marthine Tayou, da República dos Camarões, interfere no espaço dedicado ao acervo permanente do museu, resultando quase que numa “recriação”, das obras de arte clássicas. Tudo, em instalação integrada ao ambiente.

Ali a ideia é subverter e transmutar as narrativas. É dele tabém a “Welcome wall”, que saúda os visitantes do museu no hall de entrada com painéis coloridos em LED e a expressão “Bem-vindos” escrita em mais de 70 idiomas, inclusive português.

“Miami mountain”, de Ugo Rondinone no Collins Park, pertence ao acervo to The Bass Museum of Art, reaberto em outubro de 2017, em South Miami Beach – Cristina Massari / Agência O Globo

O The Bass, fundado em 1964, fica em um prédio tombado pelo Patrimônio Nacional, próximo a bons hotéis como Setai, W e Shelborne. Nos jardins do Collins Park, à frente do museu, outra obra chama atenção: é “Miami mountain”, do suíço Ugo Rondinone. A torre, composta de blocos coloridos aponta na direção da praia, e nos convida a uma caminhada pelo calçadão.

Circuito LGBTQ: dos prédios Art Déco a Wynwood

The Gay & Lesbian Walking Tour em South Beach mostra como a História de Miami Beach e o desenvolvimento dos direitos civis LGBTQ se entrelaçam, principalmente nas três últimas décadas, impulsionados pela contribuição de gays à vida e à cultura da cidade. O guia Howard Brayer conduz o passeio, que começa no Art Déco Welcome Center.

The Gay & Lesbian Walking Tour em South Miami Beach

  • A campanha de Calvin Klein para os perfumes da linha Obsession foi decisiva para a revitalização de South Miami Beach, conta o guia Howard BrayerFoto: Cristina Massari / Agência O Globo

  • Villa Casuarina, antiga mansão de Gianni Versace é hoje hotel-butiqueFoto: Cristina Massari / Agência O Globo

  • News Cafe, frequentado por Gianni Versace, foi um dos primeiros estabelecimentos em South Beach a encorajar a integração entre gays e straight pelopeFoto: Cristina Massari / Agência O Globo

  • Park Hotel, à esquerda: reforma mantém a paleta de cores pastéis criada por Leonard Horowitz nos anos 1980 para realçar os detalhes arquitetônicos do estilo Art Déco. Os prédios vão abrigar o Celino Hotel, com abertura prevista para meados de 2018Foto: Cristina Massari / Agência O Globo

  • O Carlyle foi cenário para “The birdcage” (“A gaiola das loucas”, de 1996), com Robin Willians e Nathan Lane. No filme, os personagens têm um night club no filme, onde há shows de drags. O Carlyle hoje funciona com um café no térre e como prédio para aluguel de temporada (via booking.com)Foto: Cristina Massari / Agência O Globo

  • Twist: bar gay de tradição em South Beach, com bandeira arco-íris na fachadaFoto: Cristina Massari / Agência O Globo

  • New World Symphony, em South Miami Beach: nos jardins público asssite-se a projeções de concertos gratuitamente. A academia de música é dirigida por Michael Tilson ThomasFoto: Cristina Massari / Agência O Globo

A parada em frente ao Breakwater Hotel, erguido em 1936, é um exemplo de edifício art déco (notem-se os elementos simétricos na fachada) com destaque na história da revitalização econômica de South Beach e que, de alguma forma, se associa às referências LGBTs na cidade. Em 1985, uma peça publicitária da campanha de Calvin Klein para a linha de perfumes Obsession correu o mundo estampando modelos nus em um cenário geométrico instigante. Estavam atrás do painel do Breakwater. Era uma imagem impactante para a época:

— As pessoas viam a foto e se perguntavam: “Onde é?”. E queriam vir a Miami Beach e conferir — conta Howard.

Outras formas de arte se relacionam à cultura LGBT em Miami Beach. O passeio destaca personalidades da comunidade gay e suas contribuições relevantes para a cidade, como Michael Tilson Thomas, fundador e diretor artístico da New World Symphony (Academia de Orquestra dos EUA), sediada em prédio vizinho à Lincoln Road. Imperdíveis são os concertos do Wallcast (projeção ao ar livre, nos jardins, das apresentações que acontecem no auditório, em sábados determinados).

O estilista Gianni Versace, que morava em Miami nos anos 1990 e levava uma vida abertamente gay, tem dois pontos de referência no tour: sua mansão, hoje, é o hotel-butique Villa Casuarina; e o News Cafe, que é um dos mais antigos da Ocean Drive, ainda em funcionamento. Versace, que frequentava o local diariamente, foi assassinado em 1998, no portão de sua casa, quando voltava de lá.

— O News Cafe, aberto em 1988, foi um dos primeiros estabelecimentos em Miami Beach a encorajar a integração entre os gays e straight people. Antes disso, não havia muita mistura entre as pessoas. E isso é um exemplo dos sentimentos liberais aqui em Miami Beach — observa Howard.

Em frente ao prédio do Park Central Hotel, o guia ressalta o papel de personalidades assumidamente gays, envolvidas com o movimento de preservação de Miami Beach, iniciado em meados de 1970. Historicamente, as mulheres lideraram os movimentos de preservação nos EUA, conta Howard, mas ali, um designer gay é lembrado. Erguido em 1937, o prédio está sendo renovado para reabrir como Celino Hotel. A obra manteve a paleta de cores criada por Leonard Horowitz nos anos 1980, que marca a fase de restauração do bairro Art Déco.

Tons pastéis e drag shows

Drags. Estrelas do show no brunch do R House, em Wynwood – Cristina Massari/Agência O Globo

— Quando os prédios foram erguidos, a maioria tinha cores neutras. “Off-white” (areia) era mais comum. Nos anos 1980, Horowitz quis usar cores múltiplas, destacando detalhes arquitetônicos. Ele supervisionou a pintura de muitos prédios, mas morreu de Aids em 1989. Muitas reformas depois disso extrapolaram a paleta de cores suaves, com coloridos mais intensos. Hoje, alguns prédios, como o Celino, voltam a usar a paleta de Horowitz — conta o guia.

Da Ocean Drive, o tour segue pela Washington Avenue, onde fica o Twist, bar gay aberto em 1993. Outros bares que fazem sucesso na noite LGBTQ são Score e Trade e Heart Nightclub. O Trade funciona onde era o Club Liquid — que teve entre clientes Madonna, Cher e Versace.

Os shows de drag queens são populares em Miami. Os mais antigos — Jewel Box Review e Ha-ha Revue — surgiram na década de 1930. Hoje, Athena Dion, Miss Ultimate Miami Drag Queen 2017, é a host do Drag Brunch do R House em Wynwood (o restaurante tem um mural de Dalí feito pelo brasileiro Kobra na fachada).

A comida é caprichada no estilo comfort food (ovos, steak, batatas fritas etc.). Em clima pra lá de bem-humorado, as drags desfilam, brincam com a plateia, cantam, dançam e se esbaldam em coreografias que acabam com um aplaudidíssimo death drop (passo de dança em que a drag satiriza o espacate, tradicional movimento de balé). Nas mesas, plateias de todos os tipos (fica a critério dos pais a presença de menores).

O The Palace, na Ocean Drive, tem shows de dia e à noite. Até o jantar de segunda-feira fica lotado. O clima do show “Mondays are a drag” é “quente”, e o local ganha ares de night club, onde a comida não importa tanto. Há mesas na varanda e, no salão, o ambiente é de boate. Nos dois shows, as drags passam pelas mesas arrecadando gorjetas. Quanto maior o incentivo, mais animado fica o show.

As conquistas pelos direitos civis LGBTQ

Michael Aller, o primeiro funcionário municipal a se declarar abertamente gay em Miami Beach ganha homenagem na sala de reuniões do LGBT Visitor Center, em quadro de Romerto Britto, por sua contribuição em decisões históricas conquistadas em favor da comunidade LGBT em Miami Beach – Cristina Massari/Agência O Globo

Uma série de conquistas graduais marca o histórico de luta pelos direitos civis da comunidade LGBTQ em Miami. Nos últimos 100 anos, Miami Beach saltou de um grande pântano para um importante destino de férias, nas últimas décadas, deixou de ser um local onde gays eram presos (apenas pelo que eram) para um lugar onde hoje agentes de polícia abrem o caminho para o desfile do orgulho gay.

Em um contexto histórico para o Walking Tour organizado pelo Miami-Dade Gay & Lesbian Chamber of Commerce e Miami Design Preservation League e Miami Design Preservation League, ainda no século XVI, em 1566, tem-se o primeiro registro de execução de uma pessoa que seria denominada gay, na América do Norte, por parte dos espanhóis na Flórida (eles ocuparam o território da flórida de 1513 a 1763 e em um segundo momento, entre 1783 e 1821). Gays e lésbicas eram vistos como pecadores, depravados e doentes mentais. Em 1868, um nova lei que tratava de sodomia estabelecia uma pena de 20 anos de prisão.

A sociedade tornou-se um pouco mais liberal pela primeira vez nos anos 1920 e 1930 e na área de Miami, incluindo Miami Beach, já havia bares com drag shows e cabarés estrelados por gays e lésbicas.

Àquela época, Miami era um destino de veraneio para classe alta. Os hotéis que já tinham sido construídos eram muito amplos e luxuosos com campos de golfe, de polo, bem diferente do portfolio que compõe hoje o Distrito Art Déco. Remanescente deste período, o The Biltmore, por sua vez fica em Coral Gables, cidade vizinha a Miami e que pertence ao Condado de Miami-Dade, foi erguido em 1926. Em seu tempo, era o prédio mais alto da Flórida, com 96 metros.

Na década de 1930 – após a grande depressão – já era a classe média buscava aqui ares mais amenos no inverno. E muitos dos prédios que hoje se vêem na orla, ao longo da Ocean Drive, foram construídos para atender a esse público, nos anos 1930.

– Veio a Segunda Guerra Mundial, que reuniu em Miami pessoas que antes estavam isoladas. Pessoas que se afastaram de suas casas, para servir ao Exército Isso deu às pessoas um pouco mais de liberdade. Miami BEach se tornou uma grande centro de treinamento do Exército durante a guerra: cerca de 500 mil oficiais passaram pela cidade – conta o guia Howard Brayer.

Mas após a Segunda Guerra, uma nova fase de perseguição à comunidade gay se espalhou pelo país. Na Flórida todos os bares gays foram fechados e o estado da Flórida se empenhou em uma campanha para livrar as universidades dos homossexuais.

Ao mesmo tempo, o turismo em Miami Beach cresceu. Mas o desenvolvimento urbano seguiu na direção de North Miami Beach, onde a arquitetura é marcada pelo estilo MiMo (Miami Modernist) que tem como um de seus principais expoentes hotéis como o Fontainebleu, Eden Roc e projetos de Morris Lapidus – assim como o planejamento da Lincoln Road (o mall a céu aberto em South Miami Beach). Em North Beach, os prédios eram mais modernos, e passavam a contar, por exemplo, com sistemas de ar condicionado – o que não existia nos prédios de South Beach, erguidos na década de 1930.

Com isso, a partir dos anos 50 South Beach começo a ser preterida. Lá pelo fim dos anos 60 dava sinais de decadência, com muitos dos prédios fisicamente deteriorados. Era um lugar barato de se viver, e a população era formada amplamente por judeus (cerca e 80% na época) e idosos (em 1980, a média de idade dos moradores era de 66 anos).

No fim dos anos 1960, a sociedade começa a se tornar mais liberal novamente. Eram os ecos da rebelião de Stonewall (em 1969), em Nova York, uma série de protestos contra a invasão de um bar gay em Nova York, que se tornou uma referência mundial em favor da causa gay. A década de 1970 trouxe mais avanços, manifestações políticas e a fundação de organizações como Transexual Action Organization em Miami. O Condado de Miami-Dade foi uma das primeiras jurisdições na América a aprovar um órgão para os direitos dos gays. Ao fim da década de 1970, Miami se tornou um centro de atenções pelos direitos gays.

Reações de partes mais conservadoras chegaram a ocorreram mas, ao fim de 20 anos, em 1990, o condado aprovou uma legislação nos anos 1990 banindo discriminação baseada em orientação sexual, ampliada recentemente (em 2014) proibindo a discriminação baseada em identidade expressão de gênero. Uma das pessoas que se sobressai nesta luta é Michael Aller, funcionário da administração municipal que participou de conquistas importantes para a causa gay desde os anos 1990. É dele o retrato que se vê na sala de reuniões do LGBT Visitor Center, em South Beach, pintado pelo brasileiro Romerto Britto.

Hoje, pela cidade, em muitos locais públicos – principalmente bares, restauaranes, há banheiros “all-gender” (que podem ser frequentados por pessoas de todos os gêneros).

Ao fim dos anos 1970, quando prédios antigos de Miami Beach começaram a ser demolidos para que novos prédios antigos fossem erguidos, teve teve início o movimento de preservação para salvar os prédios do Distrito Art Déco, e que foi bem sucedido, implantado ao longo das duas décadas seguintes, enquanto a região, por outro lado, tentava se livrar de altos índices de criminalidade. No início dos anos 2000, houve um grande revitalização econômica, que também foi muito bem sucedida.

Agenda intensa ao longo do ano

Diva. Produção caprichada na festa da praia no Winter Party Festival – Cristina Massari/Agência O Globo

Inverno quente. O Winter Party Festival acontece em março e este ano festejou sua 25ª edição. Festas de dia e à noite estreladas por DJs e muita animação sob o caloroso inverno da Flórida. Ingressos foram vendidos a US$ 85 (Under One Sun Pool Party) e US$ 125 (Beach Party). O evento tem fundos revertidos para a National Gay & Lesbian Task Force e organizações de apoio à causa LGBT do Condado de Miami-Dade (winterparty.com).

Cinema. Renomeado como Outshine Filme Festival, o Miami Gay & Lesbian Film Festival surgiu em 1998. Consolidou-se como um relevante evento de arte LGBT do Sul da Flórida e se mantém como plataforma para estreias de produções audiovisuais com perspectiva histórica e contemporânea (experiência lésbica, bissexual e transexual). O Outshine Film Festival tem outra edição anual, em Fort Lauderdale. Em Miami, será de 20 a 29 de abril (mifofilm.com).

Gay Pride na Ocean Drive. A primeira semana de abril é dedicada a celebrar o orgulho LGBT, com caminhada na orla, com a praia de Miami Beach de um lado e as cores das fachadas do Distrito Art Déco de outro. O set list de celebridades inclui o DJ australiano Dan Slater, a cantora Betty Who, o DJ Hector Fonseca, Thelma Houston e Taylor Dane. De 2 a 8 de abril (miamibeachgaypride.com).

Orgulho latino e hispânico. As comunidades hispânicas celebram suas convicções em duas edições anuais. O Gay8 Festival acontece na Calle Ocho de Little Havana entre os dias 15/2 e 18/2 de 2019. E o Festival Hispano LGBT Pride será realizado de 1 a 15 de outubro. Este ano, o festival homenageia a rainha da salsa, Celia Cruz, com música, dança, fotografia e cinema (gay8festival.com e celebrateorgullo.com).

Para mulheres. O AquaGirl será na orla de South Beach, com programação voltada para artes, e festas com DJs. De 18 a 21 de outubro (AquaGirl.org).

White Party. Programação intensa de festas beneficentes, com recursos destinados ao combate à Aids. De 22 a 26 de novembro (whiteparty.org).

Pedaladas, drinques e petiscos no cardápio

O Happy Hour Cycle Party leva passageiros a pedalar pelos bares e calçadas de Wynwood BV Exclusiva. Foto de Cristina Massari – Cristina Massari / Agência O Globo

Com tantas influências culturais, Miami também oferece passeios culinários que exploram aspectos específicos e regionais da diversidade gastronômica que cultua. E os restaurantes combinam sabores latinos, orientais e europeus.

O Happy Hour Crawl é uma forma divertida de passear pelos coloridos murais e restaurantes de Wynwood, bairro próximo a Downtown Miami. Neste passeio de duas horas, a bicicleta coletiva circula por bares onde petiscos e drinques são o principal combustível para o grupo que se dispõe a pedalar pelas ruas. Acenar para quem passa na calçada é parte do programa, que inclui música a bordo e cantoria animada, num entusiasmo crescente.

Antes da saída, o condutor explica como o Cycle Party funciona (o happy hour é para maiores de 21 anos). Há cinco assentos na parte traseira, onde não é preciso pedalar (o veículo leva até 15 pessoas). Quem não pedala pode fazer seu show particular, o que dá injeção de ânimo extra aos outros participantes. Moças numa festa de despedida de solteira eram as nossas companheiras e no fim, todos se integraram.

Música e sotaque latinos

O passeio partiu de Voah The Box (voah.co), onde funcionam bar, fitness lounge e espaço para co-working. Ali provamos a cerveja local. Algumas pedaladas adiante está o Suviche (suviche.com), para uma dose de pisco sour, petiscos peruanos e sushis. Entra no circuito o GK Bistro (cardápio peruano e grafites nas paredes). E o Gramps Bar (gramps.com), que serve frosé (vinho rosé frozen) em salão com máquinas de pinball e TVs em canal de esportes. Outra parada: El Patio (elpatiowynwood.com), bar lounge, com música ao vivo e sotaque bem latino.

Culinária cubana

Ball & Chain, famoso por ter sido palco para Count Basie e Chet Baker, está no tour gastronômico por Little Havana. Lá, os mojitos podem ser saboreados no balcão ou no jardim ao ar livro, nos fundos da casa. Ao lado a sorveteria Azucar também faz sucesso – Cristina Massari / Agencia O Globo

Um dos passeios da Miami Culinary Tours é o de Little Havana, pela Calle Ocho. O programa começa com uma breve história sobre a presença cubana na cidade, passa pelo Tower Theatre, prédio em estilo art déco erguido ainda nos anos 1930, antes da chegada dos cubanos àquelas bandas. Em frente, Ball & Chain é um animado bar com música ao vivo, para saborear mojitos no balcão ou no pátio ao ar livre. Aberto originalmente em 1935, foi palco para Count Basie e Chet Baker. Ao lado, a sorveteria Azucar faz sucesso. O tour também visita fábrica de charutos e o Domino Park.

Mix contemporâneo

As cozinhas peruana e oriental andam em alta na cidade e ganham versões diversificadas. O La Mar — com assinatura de Gastón Acurio, comandado por Diego Oka, no hotel Mandarin Oriental — é referência incontestável dos deliciosos sabores do país andino. No Juvia, com vista para Miami Beach de um dos extremos da Lincoln Road, o menu combina as cozinhas peruana, japonesa, francesa, italiana e hispânica. No Red, também em Miami Beach, o tuna poke (especialidade havaiana com atum cru em cubos e arroz japonês como base) divide atenções com as carnes grelhadas e massas.

Em Downtown, restaurantes florescem perto de hotéis de redes, museus, centros culturais e casas de shows. No Pubbelly Sushi (no Brickell City Center), a cozinha americana prega peça na tradição oriental, levando à mesa invenções como tuna pizza (atum cru sobre tortilla com aiolli e óleo de trufas). E o La Muse Cafe montou uma galeria de arte em torno do cardápio, com quiches, saladas e sanduíches.

Cristina Massari viajou a convite de Greater Miami Convention & Visitors Bureau

Hotéis que contam histórias

The Betsy Hotel, em South Miami Beach – Cristina Massari / Agência O Globo

Em um local como o Distrito Art Déco, onde hotéis e restaurantes ocupam os prédios tombados, histórias não faltam. Por trás de cada fachada art déco, há sempre uma história curiosa e interessante a ser contada. Se Breakwater, Carlyle e News Cafe ajudam a conhecer um pouco da trajetória do bairro pela perspectiva LGBTQ. no Betsy Hotel, as narrativas abraçadas são arte, literatura e música. O hotel, aberto em 2009 mantém o programa “Pace” (filantropia, artes, cultura, educação, na sigla em inglês), com um calendário intenso de atividades que movimentam seus

salões e áreas públicas. No fim de tarde, o lobby está sempre animado com música ao vivo e lotado de gente distribuída entre o balcão do bar, sofás do lounge e mesas do restaurante. O hotel também apoia a causa LGBTQ atraves de diversas iniciativas e participação em eventos voltados para o segmento.

Um pouco diferente do estilo que marca o bairro, a construção erguida bem no finalzinho da Ocean Drive é classificada como arquitetura georgiana da Flóida, com janelões marcando as fachadas. Em 2016, o prédio vizinho na área de trás do terreno, do Carlton Hotel, que dá para a Collins Avenue, foi anexado à propriedade, que hoje tem 130 acomodações.

– O Betsy mantém um programa de escritores residentes, em que autores são convidados a passar uma temporada na propriedade enquanto se inspiram e criam suas histórias – conta Jonathan Plutzik, proprietário do hotel.

O Writer’s Room já acomodou mais de 500 artistas (sem distinção de gênero) e é uma homenagem ao poeta Hyam Plutzik (pai de Jonathan, e três vezes finalista do prêmio Pulitzer). A expressão “Expect no more. This is happiness” (“Não espere nada mais. Isto é felicidade”, em tradução livre) associada à marca do hotel foi criada por ele.

E se os livros estão por toda parte – nas estantes dos quartos e até decorando as paredes do elevador – arte e fotografia são exibidas pelos corredores transformando os andares dos quartos em galerias de arte. É possível conhecer os trabalhos expostos fazendo o tour gratuito que percorre as obras de arte to The Betsy. Isso inclui conhecer de perto a produção feita pelo ator Val Kilmer, que passou a se dedicar a arte recentemente e expôs trabalhos na Art Basel (exposição anual realizada em Miami em dezembro, da qual o Betsy é um dos parceiros).

Imperdíveis no tour são as fotos feitas entre 1964 e 1966 pelo produtor Bob Bonis (1932-1992), responsável por trazer The Beatles e Rolling Stones em suas primeira turnês pelos Estados Unidos. “The Lost Beatles and Rolling Stones Photographs: The Bob Bonis Archive”, a coleção exposta pelos corredorer do Betsy, mostra imagens despretensiosas, de bastidores, de quem esteve lado a lado com os meninos ingleses que revolucionaram a história da música mundial estão lá.

David Bowie e Mick Jacker, em fotos na The Alley Pizzeria, do The Betsy Hotel – Cristina Massari

Até a viela que contorna a fachada externa do Betsy, e dá acesso à Collins Avenue e vai dar na famosa Española Way, foi aproveitada pelos donos do hotel e vale o passeio. Uma passarela que liga os dois blocos do hotel foi feita como uma instalação artistica: para quem passa na rua “The Orb” é uma esfera branca, que eventualmente é usada também como telão para projeções diversas. E por ali, o Betsy também instalou a pizzaria “The alley” e uma sorveteria artesanal. Na pizzaria, mais fotos incríveis mostram David Bowie, Mick Jagger e outros ídolos do universo pop em sua plenitude. Sobre o restaurante, o painel “The poetry rail” exibe frases de 13 poetas que contribuiram para a literatura de Miami. O Betsy também é pet-friendly e seus mascotes – Betsy e Katie – estão sempre na varanda, apreciando o movimento do fim de tarde.

O Miami RiverWalk, pontuado por obras de arte pública, em Downtown, um passeio com vista para Biscayne Bay, nos arredores do Intercontinental Miami – Cristina Massari/Agência O Globo

Bailarinas, golfinhos e arte pública em Biscayne Bay

Quando a noite cai, em Downtown, as dançarinas que se movimentam (as imagens foram feitas a partir da coreografia de duas pessoas que participaram de uma seleção promovida pelo hotel) incessantemente na fachada do Intercontinental Miami marca a paisagem. Para o efeito de iluminação em LED foi feito a partir de uma seleção de bailarinos locais.

O hotel, que originalmente foi construído para ser um cassino, faz o gênero meio de hospedagem para famílias (com tarifas menos salgadas do que as dos hotéis boutique de South Beach) ou para participantes de convenções (há vários salões de eventos e restaurantes no prédio). Os quartos voltados para a Biscayne Bay oferecem uma vista deslumbrante.

O hotel também faz parcerias com instiuições culturais locais, como o museu Pérez, e programas que contemplam arte digital e envolvem a comunidade, interagindo com o centtro de arte de Downtown. Com amplos ambientes por todo o estabelecimento, no lobby chama a atenção a imensa escultura em mármore de Henry Moore (uma das maiores nos EUA).

Com localização privilegiada (em frente a uma estação do monotrilho Metromover), fica a poucos minutos de atrações importantes que estão movimentando Downtown Miami: centros culturais como o Adrienne Arsht Center for Performing Arts, American Airlines Arena, e os imperdíveis Pérez Art Museum e Frost Museum. Ao redor do hotel estão Bayfront Park (onde se pode fazer sessões de yoga gratuitas aos sábados de manhã) e o calçadão do Miami Riverwalk, pontuado com obras de arte pública às margens da baía é um passeio surpreendente. Enquanto barcos vão e vêm, com sorte, é possível até avistar até golfinhos nadando.

Serviço

ONDE FICAR

The Betsy. Diárias a US$ 294. 1.440 Ocean Drive. thebetsyhotel.com

Astor. Diárias a US$ 131. 956 Washington Ave. hotelastor.com

Intercontinental. Diárias a US$ 186. 100 Chopin Plaza. icmiamihotel.com

ONDE COMER

La Mar. No hotel Mandarin Oriental. bit.ly/2ITQ5b5

Pubbelly Sushi. Brickell City Center 4º andar. bit.ly/2G8W1PD

La Muse Cafe. 270 Biscayne Boulevard Way 102. lamusecafe.com

Palace. Drag shows palacesouthbeach.com

Juvia. 1.111 Lincoln Road. juviamiami.com

Red, the Steakhouse. 119 Washington Avenue. redthesteakhouse.com

R House Drag Brunch. Aos domingos (11h30m e 14h), a partir de US$ 40. rhousewynwood.com

PASSEIOS

Cycle Party. O Happy Hour Crawl em Wynwood custa US$ 35 cycleparty.com

Little Havana. Miami Culinary Tours: US$ 56. miamiculinarytours.com

Twist. 1.057 Washington Ave. twistsobe.com

Score. 1.437 Washington Ave. scorebar.net

Trade. 1.439 Washington Ave. trademia.com

The Gay & Lesbian Walking Tour. US$ 25. mdpl.org

LGBT Visitor Center. 1.130 Washington Ave. gogaymiami.com



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