Câncer de Próstata x Sexo Anal

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GLX – Já começou a ser veiculada a campanha do câncer
de próstata, e já começaram a surgir dúvidas sobre o
tema “sexo anal x câncer de próstata”. Qual a
informação importante para o internauta?
Dr. Bruno – Recebo vários e-mails e perguntas no
consultório sobre isso. O câncer de próstata não tem
nada a ver com sexo anal.O câncer de próstata está
relacionado a fatores genéticos, familiares e pode
estar relacionado ao uso de anabolizantes, mas nada
relacionado com sexo anal.Pode fazer bastante… só
não pode deixar de usar camisinha. Claro!
Ejaculações freqüentes podem reduzir risco de câncer
de próstata: Estudo nos EUA teve mais de 29 mil
voluntários
http://www.gtpos.org.br/index.asp?Fuseaction=Informacoes&ParentId=212#corh18
Folha de São Paulo, Ciência, quarta-feira, DA REDAÇÃO
Atividade sexual não causa câncer de próstata, e
homens que ejaculam freqüentemente podem até estar se
protegendo contra a doença, segundo um estudo
conduzido por cientistas americanos.
A pesquisa contou com mais de 29 mil homens sadios e
cobriu todo tipo de atividade sexual, incluindo
masturbação e polução noturna. Os resultados confirmam
um resultado obtido por um estudo menor, divulgado por
cientistas na Austrália em 2003.
Havia uma desconfiança na comunidade médica de que a
alta freqüência de atividade sexual pudesse aumentar o
risco de câncer de próstata. A razão estaria numa
produção exagerada do hormônio masculino testosterona,
que poderia disparar o crescimento das células da
próstata.
A nova pesquisa, feita por um grupo do Instituto
Nacional do Câncer liderada por Michael Leitzmann,
constatou que a freqüência da ejaculação não está
relacionada a um risco aumentado. “Não há efeitos
adversos. E níveis mais elevados de ejaculação parecem
proteger homens do desenvolvimento de câncer de
próstata”, disse o pesquisador.
O estudo sugeriu que ejaculações freqüentes podem
reduzir a concentração de “carcinógenos químicos
[substâncias que provocam a formação de tumores
malignos] que se acumulam facilmente no fluido
prostático” e podem reduzir o desenvolvimento de
pequenos cristais “que foram associados ao câncer de
próstata em alguns [casos]”.
O novo estudo foi publicado nesta semana na “Jama”
(jama. ama-assn.org), revista da Associação Médica
Americana. Ele acompanhou homens de 40 a 75 anos na
época em que a pesquisa foi iniciada, em 1986.
O estudo australiano teve um escopo bem menor,
contando com a participação de 1.079 homens
diagnosticados com câncer de próstata, comparados a
outros 1.259 que não tinham a doença. Os resultados,
entretanto, apontaram na mesma direção.
Leitzmann diz que agora as evidências são ainda mais
fortes, porque seu estudo acompanhou os homens ao
longo do tempo, em vez de pedir que se lembrassem da
freqüência de ejaculação somente depois de terem sido
diagnosticados com câncer.
http://www.gtpos.org.br/index.asp?Fuseaction=Informacoes&ParentId=211#corh02
A próstata como ela é:
Folha de São Paulo, Cotidiano, domingo, – MIGUEL
SROUGI – ESPECIAL PARA A FOLHA
Shakespeare dizia que o passar dos anos produzia nos
homens sensações inevitáveis, as pernas cada vez mais
finas dançavam desconcertadas dentro de calças cada
vez mais folgadas, o corpo combalido se mantinha
alheio aos pedidos da alma e do coração. Esqueceu-se
de falar dos incômodos da próstata. Uma glândula
emblemática, que nos jovens tem o papel triunfal de
alimentar e manter vivos os espermatozóides e, com
isto, perpetuar a espécie. Mas que no homem maduro é
responsável por dois tormentos distintos, ambos de
conseqüências negativas para a qualidade e quantidade
de vida: o crescimento benigno, ou hiperplasia, e o
câncer.
A próstata, glândula com as dimensões de uma noz,
situa-se em torno do canal uretral, responsável pelo
transporte de urina da bexiga para o exterior. Após os
40 anos de idade, 80% a 90% dos homens apresentam um
crescimento benigno da glândula, que estrangula a luz
do canal uretral e cria graus variados de dificuldade
para se expelir a urina.
O outro problema que pode atingir a próstata é o
câncer, sem relação com o crescimento benigno e que
tem todas as implicações indesejáveis das doenças
malignas. De acordo com dados produzidos este ano pela
American Cancer Society, 13% dos homens
norte-americanos serão atingidos pelo câncer da
próstata e nada faz crer que no Brasil estes números
sejam diferentes.
Além do constrangimento físico que impõe aos seus
portadores, as doenças da próstata têm implicações
socioeconômicas que não são desprezíveis. Somente para
tratamento desses dois problemas são gastos anualmente
nos Estados Unidos cerca de U$ 6 bilhões, sem contar o
fardo de vidas ceifadas pela doença.
Segundo estimativas publicadas pela revista Cancer, a
família de um paciente de 60 anos que morre pelo
câncer da próstata deixa de auferir, nos Estados
Unidos, cerca de U$ 370 mil. Não sei se muito ou pouco
pelo valor de uma vida, mas não tão pouco para uma
família desamparada.
As causas do crescimento benigno da próstata não são
bem conhecidas, mas sabe-se que o problema é três
vezes mais comum em homens cujos pais foram submetidos
à cirurgia da glândula. Por outro lado, observou-se
que intervenções de próstata são 50% menos frequentes
em fumantes e obesos. Isto poderia sugerir que o fumo
e a obesidade impedem o crescimento da próstata.
Explicação inédita, porque pela primeira vez em
medicina estaria sendo provado que cigarro e excesso
de peso fazem bem à saúde.
A outra explicação, menos grandiosa e mais plausível,
é que fumantes e obesos sofrem menos intervenções
cirúrgicas por não viverem o suficiente para tanto ou
pelo receio médico de enfrentar casos de maior risco
cirúrgico. Com o crescimento benigno, surgem
transtornos urinários sob forma de enfraquecimento do
jato urinário, gotejamento de urina após cada micção,
sensação de urgência para urinar e, o mais incômodo,
aumento do número de micções, principalmente durante a
noite.
Na maioria das vezes esses sintomas são discretos e
toleráveis, em apenas um terço dos casos eles
tornam-se inconvenientes e passam a prejudicar a
qualidade de vida do paciente. Curiosamente, essas
manifestações são cíclicas e alguns homens chegam a
apresentar regressão espontânea das mesmas.
Isto foi confirmado por estudo realizado na Escócia
com pacientes que apresentavam crescimento benigno;
dois anos após a primeira consulta e sem qualquer
tratamento, 50% dos casos apresentavam quadro clínico
estável, 20% referiam melhora significativa e 30%
queixavam-se de piora das manifestações.
Para tratar os pacientes com crescimento benigno, os
médicos tomam suas decisões baseados na magnitude das
manifestações urinárias. Os especialistas mais
cuidadosos não indicam nenhum tratamento quando os
sintomas são bem tolerados, empregam medicações nos
pacientes com incômodos que começam a molestar e
recorrem às intervenções cirúrgicas quando o quadro
clínico compromete severamente a qualidade de vida do
paciente.
Felizmente a maioria dos homens apresenta
manifestações discretas e convive amistosamente com a
situação, entre 25% e 40% apresentam queixas
persistentes que exigem algum tratamento e em apenas
10% torna-se necessária à cirurgia.
Gostaria de reafirmar que o tratamento da hiperplasia
só deve ser instituído quando os sintomas clínicos são
proeminentes. Certos especialistas, muitas vezes por
excesso de zelo, algumas vezes por outro tipo de
excesso, costumam indicar a remoção da glândula sempre
que ela está aumentada, com o argumento de que
estariam sendo prevenidos problemas futuros. Essa
posição é inconsistente, já que atualmente as
intervenções de próstata são realizadas com segurança
em qualquer idade. Ademais, não existiriam hospitais,
filas e dinheiro suficientes se todos os homens com
crescimento pouco sintomático da próstata passarem a
ser tratados com cirurgia.
A terapêutica medicamentosa da hiperplasia é feita com
os chamados bloqueadores adrenérgicos, com a
finasterida ou com preparados vegetais naturais, os
fitoterápicos. Os bloqueadores têm uma eficiência mais
marcante no controle dos sintomas, a finasterida atua
melhor em próstatas muito volumosas e reduz os riscos
de cirurgia futura e os fitoterápicos são menos
eficazes mas isentos de efeitos colaterais.
Entre 30% e 60% dos pacientes tratados com medicações
apresentam melhora do quadro clínico, mas a
possibilidade de surgirem reações adversas, como queda
da pressão arterial ou disfunção sexual (ocorrem em 5%
a 10% dos casos), limitam o uso indiscriminado desses
agentes.
Quando se opta pela remoção cirúrgica, os
especialistas empregam duas técnicas, uma executada
através de incisão abdominal e preferível em próstatas
volumosas, outra realizada pelo canal uretral, chamada
cirurgia endoscópica e eficiente em glândulas com
menos de 80 gramas.
Essas intervenções, executadas de forma apropriada,
acompanham-se de sucesso clínico em cerca de 90% dos
casos. Infelizmente, 10% dos pacientes mantém-se com
os mesmos sintomas que os levaram a cirurgia e isto,
em geral, relaciona-se com o aparecimento
pós-operatório de estreitamentos do canal uretral ou
por mal funcionamento da bexiga, comprometida
previamente pela sua luta prolongada contra a
obstrução prostática.
Ademais, as cirurgias podem se acompanhar de sequelas
de fácil adaptação, como o orgasmo seco, sem saída de
esperma, observado em 75% a 90% dos pacientes, e
outras mais indesejáveis, como incontinência (perdas
involuntárias de urina), que surgem em 0,5% a 3% dos
casos. Uma palavra tranquilizadora, as intervenções
nos casos de crescimento benigno não colocam em risco
a potência sexual, isto só ocorre em pacientes com
câncer da próstata submetidos a cirurgia radical ou
radioterapia.
Vários centros de pesquisa vêm desenvolvendo esforços
para substituir as intervenções cirúrgicas nos casos
benignos por métodos menos agressivos, que utilizam
energia térmica gerada por laser, radiofrequência ou
ultrassom. Os testes clínicos iniciais com esses
procedimentos, apresentados sob forma de acrônimos
enigmáticos como TUNA, HIFU, VLAP ou TUMT, indicam uma
melhor tolerância dos pacientes, mas benefícios
práticos ainda modestos e de duração limitada.
Uma experiência inovadora, a chamada quimioablação por
álcool, foi descrita em maio deste ano por um grupo da
Universidade de Nova Jersey. O objetivo era produzir
uma corrosão alcoólica do tecido que estrangula o
canal uretral e, com isso, liberar o fluxo de urina.
Quinze pacientes com crescimento benigno receberam
injeções de álcool absoluto diretamente na próstata,
sob anestesia superficial e sem necessidade de
internação. Após o tratamento, ocorreu redução de mais
de 70% na intensidade do sintomas clínicos, que
perdurou por um ano.
Antes que os mais otimistas passem a utilizar este
estudo como argumento, relembro que o álcool tem de
ser injetado na próstata, automedicação por outras
vias não tem ação benéfica comprovada sobre o
crescimento benigno.
Com relação ao câncer da próstata e pedindo desculpas
pelo lugar comum, tenho uma notícia ruim e outra boa.
O número de casos da doença triplicou nos últimos 15
anos. Notícia ruim ou boa, dependendo do lado da mesa
em que você costuma sentar no consultório médico. A
bem da verdade, noticia ruim para todos, as salas de
espera andam abarrotadas de doutores, atingidos
igualmente por esse câncer.
Três motivos explicam o aumento no número de casos da
doença. O câncer da próstata atinge principalmente
indivíduos com mais de 50 anos e a sua frequência
cresce com a idade. Com o aumento da longevidade do
homem, mais casos são gerados na população. Em segundo
lugar, a maior ilustração dos leigos sobre o problema
e as constantes campanhas de detecção da doença
passaram a identificar mais pacientes com câncer.
Finalmente, ocorreu um aumento real na incidência
desse tumor maligno.
Influências ambientais, como baixa exposição ao sol, e
alimentares, como ingestão excessiva de gordura
animal, têm sido responsabilizados pelo fenômeno e
explicam, provavelmente, por que o câncer da próstata
é 20 vezes mais comum em países escandinavos e nos
Estados Unidos do que na China e Japão. Quando
orientais passam a viver nos Estados Unidos, a
incidência da doença nestes homens passa a se igualar
a dos norte-americanos, atestando a influência de
agentes ambientais sobre o aparecimento do problema.
A causa precisa do câncer da próstata não é conhecida,
mas sabe-se que dois fatores aumentam os riscos da
doença: raça e casos na família. Esse câncer é 50%
mais freqüente em negros do que em brancos; também
manifesta-se de forma mais agressiva em negros, cuja
chance de morrer pelo mal é o dobro da observada em
brancos. Da mesma forma, os riscos de câncer da
próstata dobram em homens que têm um parente de
primeiro grau (pai ou irmão) com a doença e é cinco
vezes maior quando dois parentes de primeiro grau são
atingidos pelo tumor.
O câncer da próstata não produz manifestações nas
fases iniciais, quando o processo é potencialmente
curável. Por isso, homens só poderão ser auxiliados
pela medicina se, espontaneamente, realizarem exames
periódicos da glândula. Por periódicos entende-se
exames anuais a partir dos 50 anos; indivíduos com
casos na família devem iniciar os exames preventivos
aos 45 anos.
A identificação do câncer pode ser feita com precisão
pelo especialista, por meio do toque da próstata e das
dosagens no sangue do antígeno prostático específico
(PSA). Esses dois exames devem ser realizados
conjuntamente, já que o toque falha em 30% a 40% dos
casos e o PSA falha em 20%.
Executando-se os dois testes simultaneamente deixamos
escapar apenas 8% dos pacientes acometidos. Como
mostra a tabela, conhecendo-se as taxas de PSA no
sangue e o resultado do toque da próstata, pode-se
calcular em cada homem o risco de existir câncer
local.
O câncer da próstata tem um comportamento clínico
único, comparado as outras doenças malignas. Quando se
inspeciona a próstata de indivíduos com mais de 50
anos que faleceram por outros motivos, são encontrados
focos cancerosos em 30% a 45% dos mesmos. Contudo,
nessa mesma faixa etária, apenas 13% dos homens
apresentam, em vida, manifestações do câncer e somente
3,5% morrem pelo mal.
Interpretando, o câncer da próstata é extremamente
frequente mas permanece inerte na maior parte de seus
portadores, sem causar problemas clínicos e sem
levá-los à morte. Como tem sido repetido, esses homens
morrem com o câncer mas não pelo câncer.
O comportamento dúbio dos tumores malignos da próstata
gera uma certa angústia nos médicos que se dedicam ao
problema: definir se a doença descoberta no seu
paciente é o tipo de câncer “de autópsia”, indolente,
ou o tipo “clínico”, de comportamento agressivo e que
exige pronto tratamento.
Preocupados com o problema e auxiliados por recursos
mais sofisticados de informática médica, os
especialistas desenvolveram instrumentos denominados
“nomogramas” que permitem distinguir as duas
situações.
O mais utilizado, conhecido como nomograma de Partin,
relaciona as taxas de PSA no sangue, a extensão da
doença no organismo e o aspecto do tumor na biópsia (a
chamada escala de Gleason). Com ele, é possível
definir se o paciente necessita de tratamento
agressivo ou pode ser mantido apenas em observação,
quando se conclui que a doença é indolente.
Infelizmente, estudos clínicos mostram que somente 10%
a 20% dos casos descobertos em vida pertencem a esse
último grupo.
Quando se chega à conclusão, pelas suas
características, de que a doença precisa ser
combatida, os especialistas selecionam o tratamento em
função da extensão do câncer. Os pacientes com tumores
localizados dentro da próstata são tratados com
cirurgia (prostatectomia radical), com radioterapia
externa (feixes de irradiação lançados sobre a
próstata, em múltiplas sessões) ou com braquiterapia
(implante na próstata de pequenas sementes de iodo
radioativo, através de agulhas, em uma única sessão).
Os casos de câncer que se estendem para outros órgãos,
gerando focos adicionais de doença denominados
metástases, são tratados com a remoção dos testículos
ou com hormônios. Essa última estratégia é também
utilizada nos tumores mais simples, quando se julga
que os inconvenientes da cirurgia ou da radioterapia
suplantam o potencial de agressividade da doença.
O tratamento dos casos mais agressivos de câncer
localizado da próstata tem gerado grande polêmica
entre os especialistas, pois tanto cirurgiões como
radioterapeutas proclamam, respectivamente, que a
prostatectomia radical e a radioterapia representam a
melhor maneira de tratar tais casos. Ressalvando minha
condição suspeita de cirurgião, explico por que me
sinto incomodado com a radioterapia convencional.
Em primeiro lugar e de acordo com dados do Capsure,
entidade não-governamental dedicada ao estudo do
câncer da próstata, 14% dos pacientes levados à
cirurgia e quase 30% daqueles tratados com
radioterapia são submetidos a um tratamento adicional
subsequente. Números que traduzem uma incompetência
relativa da radioterapia, já que a necessidade de
tratamento adicional significa falência da terapêutica
inicial.
Em segundo lugar, entre 20% a 40% dos pacientes
submetidos à radioterapia permanecem com focos vivos
do câncer quando a próstata é estudada dois anos após
o tratamento inicial. Os radioterapeutas dizem que
essas lesões residuais são inativas, de comportamento
indolente. Escrevi antes e repito, na minha concepção,
obviamente tendenciosa, câncer indolente é aquele que
está dentro de um frasco de formol, não dentro do
nosso organismo.
Dados produzidos este ano pelo National Cancer
Institute demonstraram que, com os recursos de
tratamento atualmente disponíveis, curamos de forma
definitiva entre 75% e 95% dos pacientes com câncer da
próstata. Números auspiciosos, mas que infelizmente
não são alcançados sem ônus, todos os métodos de
tratamento podem comprometer de forma além do razoável
a qualidade de vida de seus portadores.
A prostatectomia radical acompanha-se de impotência
sexual em 15% a 80% dos casos e de incontinência
urinária em 3% a 35% dos mesmos, dependendo da
experiência do cirurgião e da idade do paciente. A
radioterapia e a braquiterapia produzem riscos um
pouco inferiores de problemas sexuais, mas, por vezes,
geram complicações intestinais molestas,
principalmente diarréia acompanhada ou não de perdas
sanguíneas, que pode persistir por anos.
Os pacientes submetidos ao tratamento hormonal
apresentam invariavelmente problemas sexuais e, a
longo prazo, podem evidenciar certa perda de massa
muscular, anemia ou osteoporose. Por todos esses
motivos, um especialista só orientará corretamente o
tratamento de qualquer caso se levar em conta não
apenas seus conhecimentos técnicos mas também os
sentimentos mais genuínos de seus pacientes.
Em outras palavras, médicos e doentes, numa decisão
conjunta, devem optar pela terapêutica mais eficiente
quando sobrevida for a questão mais relevante e
escolher o tratamento menos agressivo quando os riscos
e os tipos de complicações possíveis forem
intoleráveis para esse paciente.
O câncer da próstata não pode ser evitado no presente
momento, mas os riscos da doença podem ser atenuados
com medidas simples. A redução da ingestão de gordura
animal para menos de 15% do total de calorias diárias
e o consumo de alimentos ricos em genisteína e
enterolactonas, como brócolis, espinafre, repolho,
couve-flor, feijão, soja e abóbora, provavelmente
reduzem a incidência da doença, se adotados no início
da idade adulta.
O consumo de licopeno, presente em grande quantidade
no tomate e seus derivados, na goiaba vermelha e na
melancia, diminui em 35% os riscos de câncer da
próstata, segundo estudos da Universidade de Harvard.
Ademais, de acordo com pesquisas da Dra. Kathy
Helzlsouer, da Universidade Johns Hopkins, homens que
ingerem o equivalente a 800 mg de alfatocoferol
(vitamina E) e 200 microg de selênio (quantidade
existente em duas castanhas do Pará) apresentam
redução de 36% a 75% na incidência da doença. Ainda,
de acordo com pesquisadores neozelandeses, a ingestão
de ácidos graxos não-saturados de cadeia longa
encontrados em óleos de peixes, principalmente o
salmão, reduz de forma expressiva os riscos de
aparecimento desses tumores.
Finalizo lembrando que a incidência do câncer da
próstata aumenta com a idade -50% dos indivíduos com
80 anos apresentam áreas cancerosas na glândula e a
doença não poupará nenhum homem que viver até 100
anos.
Isso transforma a pequenina próstata num foco de
comoção para a mente humana, incapaz de aceitar nosso
extermínio. Talvez movido por esse sentimento e
apoiado em textos bíblicos, Thomas Sydenham, médico do
século 17, recomendava a prática do shunamitismo,
crença que dizia que se uma moça virgem deitasse sobre
o corpo de um velho moribundo, ela lhe transmitiria
calor e umidade, revigorando-o, restabelecendo suas
funções urinárias e prolongando sua existência.
Na minha opinião, compartilhada também por minha
mulher, a melhor atitude para se evitar problemas
urinários e prolongar a vida é realizar exames anuais
da próstata, eliminando precocemente o câncer, se por
infelicidade ele estiver presente. Até porque a
medicina não comprovou, até hoje, os benefícios reais
do shunamitismo. E, também, porque não descobriu o que
acontece com a pobre coitada.
Médico, 55 anos, professor titular de urologia da
Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e pós-graduado
em urologia pela Universidade de Harvard (EUA)


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