Barra purpurinada: musas do público LGBT deixam rastro de glitter na orla

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Primeiro dia da festa, Quinta de Carnaval se consolida como a noite da diversidade

Raquel Saraiva, do Correio 24h

A Barra brilhou e virou purpurina nesta quinta-feira (8). As musas do público LGBT ocuparam o circuito Dodô: Claudia Leitte abriu a folia, depois o bloco Mascarados, com Lininker e Sandra de Sá como convidados, além de Daniela Mercury comemorando 20 anos de Pipoca da Rainha e Alinne trazendo sua pipoca rosa. Foi uma noite de deleite, cores, fantasias e muita gente que deixou um rastro de glitter pela orla.

As cantoras arrastaram todas as letras do alfabeto para a Barra. “Rachou tudo hoje, mas vou atrás de Daniela para prestigiar o ícone da cultura gay”, afirmou Jorge Carran, 38 anos, que usou também acessórios com LED para brilhar ainda mais atrás do trio.

Um casal de foliões fantasiado de policial e ladrão não escondia a felicidade entre a pipoca de Daniela e dos Mascarados. “A gente vai atrás de tudo”, disse a mulher ‘cinquentona’, explicando que ela mora com o amigo em São Paulo. “Ele é meu marigo, marido e amigo. Tudo é permitido”, ela brinca. Perguntada sobre qual letra do alfabeto se identificava, ela não hesita: “Com o L”.

“L de livre, também me identifico com essa letra”, responde o parceiro dela entre risos.

A noite foi mesmo da liberdade e da diversidade. O público LGBT, que em carnavais antigos se escondia no Beco da Off e por trás das fantasias dos Mascarados, tomou conta do Carnaval de Salvador.

As fantasias não escondem mais a identidade de ninguém – e muitas vezes nem cobrem muitas partes do corpo. Casais – de todos os tipos – curtiram a festa como queriam. Teve bicha de salto, teve de tênis, toda montada, só de sunga ou biquini de fita isolante. A quinta foi, merecidamente, a noite da liberdade deles e delas.

Fantasias

Se destacar não foi tarefa fácil. As fantasias estavam presentes em maior número que na noite anterior – e vieram mais diversas e elaboradas. O ator Wilson Santos, 50, apelou para um pisca-pisca enrolado no corpo.”Resolvi me iluminar, porque purpurina é pouco para mim”. Ele só não contou como o adereço estava ligado. “Só digo que a tomada é bivolt”.

Os unicórnios, que eram maioria na noite anterior, quase foram extintos. Os poucos que sobraram evoluíram, fugindo do combo tiara de chifre e saia de tule. Um deles ganhou uma crina rosa e lilás de um metro na manga de um body. De onde veio a inspiração para inovar no unicórnio?

“Meu amor, eu sou figurinista”, disse a drag Rainha Lulu. O chifre veio junto com o unicórnio, no ombro do body. Na cabeça da drag, só a coroa. Rainha, né, mores? E será que o Vale rachou em meio a tantos ícones gays puxando trio? “Não, o Vale vai e volta”, conta rainha Lulu, que seguiu Claudinha, até o final da Barra, voltou para acompanhar Daniela desde o Farol e planejava alcançar os Mascarados. Muitos encararam essa maratona para prestigiar e aproveitar todas as divas.

O clima era de descontração. As fantasias deixaram a avenida ainda mais colorida e brilhante, linda de ver. E o carnaval da pipoca fez da Barra um mar contínuo de gente em volta dos trios. Não era carnaval de rua que a cidade pedia? Conseguiu! Muito mais democrático e livre que na quarta-feira, quando os bloquinhos saíram com cordas e abadás.

Parada Gay

O bloco Os Mascarados, um dos maiores e mais aguardados do carnaval há 19 anos, teve à frente uma mulher preta e trans no comando. A cantora Liniker estreou na folia baiana junto com Sandra de Sá. “Missão cumprida. Primeiro trio da vida check. Que sensação ótima, é um cansaço gostoso”, disse a cantora nas redes sociais antes de voltar para São Paulo.

O trio de Alinne permite que a cantora fique mais próxima do público. As meninas, grande maioria na pipoca rosa, gritavam cada vez que ela se aproximava, pedindo poses para foto e se declarando. Os meninos se rendiam aos músicos. “Você é maravilhoso”, grita um chef fantasiado de ‘pavê’ (ou pra comer?) para um back vocal, que entra na brincadeira e agradece o elogio.

“Escolhi Aline porque sou muito fã, ela é maravilhosa”, disse Wilkessia Azevedo, 32, que ostentava um boné com os nomes “Claudinha, Alinne & Daniela” e uma camiseta com “Blow Out & O Vale & Largadinho & Crocodilo & Carnaval”. Praticamente um uniforme que sintetiza o que foi a quinta na Barra.

Alinne conseguiu fazer o carnaval que desejava. “Eu quero combater a homofobia, o machismo e assédio”, disse a cantora. O clima de respeito e tranquilidade era tanto que alguns pegavam o celular para fazer fotos e vídeos mesmo na muvuca. “Cuidado com o celular”, gritavam outros foliões mais atentos.

Entre um trio e outro, era possível ouvir I Will Survive. A música Na Sua Cara, da cantora Pabllo Vittar, superou as baianas em número de execuções no trio. Definitivamente, a quinta-feira de carnaval virou uma Parada Gay – para a sorte e deleite de todos.

E o Vale, que prometia rachar, conseguiu acompanhar todas as musas, e ainda sentiu falta de outras. Ivete não foi esquecida nas máscaras, fantasias de grávidas e mesmo em camisas e bonés dos órfãos. Pabblo, que desfilará no circuito na próxima terça (13) às 19h30, já foi eleita por muitos a musa do carnaval 2018.

Daniela, unanimidade no quesito ‘rainha LGBT do carnaval da Bahia’ entre os foliões ouvidos, disse que, de fato, o Vale dos Homossexuais não rachou na quinta. “O Vale tá inteirinho aqui nos 20 anos da Pipoca da Rainha”, diz a cantora entre risos. E hoje tem Anitta. O Carnaval 2018 é o Carnaval LGBT.

 

 

 

http://www.ibahia.com/carnaval/detalhe/noticia/barra-purpurinada-musas-do-publico-lgbt-deixam-rastro-de-glitter-na-orla/


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