Aos Hipócritas

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Sobremodo me enervam os hipócritas
Com seus semblantes,
Com seu rompantes,
Com sua retórica
Sempre falha e confusa

Sobremodo me enervam os hipócritas
Com suas aulas,
Com suas falas,
Com suas formas,
Sempre despidas de fundo
Com suas fórmulas
Ausentes de qualquer lógica,
Mas, sempre, julgadas perfeitas
Desde que a si não se apliquem
Desde que se enjeite tudo o que diferente se faça
Do que a si se assemelha

Sobremodo me enervam os hipócritas
Com seus conselhos,
Com seus espelhos,
Onde apenas sua imagem se reflete,
Ainda que disforme, triste e absurda
Com seus conjuntos inteiramente vazios
De quaisquer elementos verdadeiros
Com sua mágica simétrica,
Onde o igual se repete,
Ao passo que repele o diverso
Chamando-o, com prepotente ignorância,
De anormal,
Feio,
Imperfeito,
Perverso

Sobremodo me enervam os hipócritas
Que não olham para dentro de si mesmos,
E criticam, incongruentes, nos terceiros
Os defeitos que em suas entranhas escondem
Mas até onde?
Até o dia em que o mundo,
Num girar profundo,
Os faça tontos e atônicos,
A expelir, em refluxo, o que
Dizem eles lhes revirar o estômago
Pois é exatamente da matéria que rejeitam
Que andam os hipócritas cheios!
E, por isto mesmo, sobremodo me enervam os hipócritas
Que são exatamente iguais a nós
Com uma esmagadora diferença:
Faltam-lhes a coragem de dizê-lo.

(17/04/2007)

MARINA PORTECLIS

 


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